O bairro da Casa Verde deve passar por um processo de adensamento populacional, causado principalmente pelo novo Plano Diretor. A lei de 2014 determina o fechamento da pista do aeroporto Campo de Marte destinada a voos particulares, deixando o local disponível exclusivamente como heliponto.

Na área que será liberada, está prevista a construção de uma nova avenida, que deve ser interligada com o transporte coletivo.

Antônio Cláudio Fonseca, professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Mackenzie, acredita que o possível rearranjo na estrutura do aeroporto e as posteriores obras de mobilidade urbana contribuirão para a chegada de novos moradores.

Mas, mesmo com as mudanças, ele acredita que a composição da população mudará pouco. "A decadência de regiões antigas da cidade pode contribuir para atrair novos moradores. Mas a Casa Verde tem um perfil mais local: quem é de lá, fica por lá, perto da cultura que compõe sua identidade."

	Bruno Santos/Folhapress
	Piscina do You Jardim Casa Verde, que tem apartamentos de 76 a 91 m² à venda

Para João Henrique Lopes, diretor de atendimento da imobiliária Lopes, o processo será gradativo.

"A notícia [do fechamento para voos particulares] é relativamente nova, por isso vai levar um tempo para vermos qualquer tipo de impacto."

Lopes acrescenta que o aeroporto tem "pouca ou nenhuma influência negativa no consumidor, pois seu aspecto visual é agradável".

Morador do bairro há 13 anos, o engenheiro Diego Monteiro concorda. "[O Campo de Marte] é uma referência no bairro, um polo de atração. Com a reestruturação, a economia da região tende a ficar melhor, com mais empregos, serviços e centros comerciais ", afirma.

QUASE CENTRO

A Casa Verde possui uma posição privilegiada junto ao rio Tietê e à marginal homônima, ao mesmo tempo em que está próxima ao centro e a regiões nobres, como Barra Funda, Perdizes e Pacaembu.

Diferentemente desses lugares, o bairro sempre conservou um ar interiorano, em parte, graças a um detalhe: até meados dos anos 1980, era proibida a expansão imobiliária vertical na região por conta da proximidade com o Campo de Marte.

Em 1990, a restrição foi revista pelo Comando da Aeronáutica e a situação começou a mudar. Hoje, o distrito é um dos que mais recebe novos empreendimentos na zona norte da capital.

"É um bairro de saída da região. Havia uma demanda reprimida para prédios. Notamos que todos os lançamentos que fizemos por lá nos últimos tempos são vendidos com uma grande velocidade," afirma Lopes.

A rua Saguairu, na região próxima à avenida Braz Leme, uma das principais da Casa Verde, é um exemplo da verticalização do bairro.

Em uma distância de 300 metros, pelo menos três prédios foram erguidos nos últimos cinco anos. O Immaginato Casa Verde, o Green View e o You Jardim Casa Verde ainda têm apartamentos à venda. Os imóveis possuem, em geral, dois ou três dormitórios, até duas vagas na garagem e custam de R$ 625 mil a R$ 1 milhão, em média.