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Museu no Jaçanã guarda memória da estação que inspirou Adoniran

Edilson Dantas/Folhapress
Sylvio Bittencourt, 84, na entrada do Museu Memória do Jaçanã
Sylvio Bittencourt, 84, na entrada do Museu Memória do Jaçanã

Sob um retrato de Adoniran Barbosa, o aposentado Sylvio Bittencourt, 84, mostra a pilha de recortes de jornais e cópias de documentos acumulados durante as últimas três décadas à frente do Museu Memória do Jaçanã.

Criado por ele em 1983, o espaço funciona em um terreno cedido pelo governo estadual, localizado na rua Benjamin Pereira, 1.021.

"Muitos trechos da ferrovia estão enterrados aqui", diz seu Sylvio, em referência ao Tramway da Cantareira, inspiração de Adoniran para "Trem das Onze" –música que deu fama ao bairro.

A história do Jaçanã se confunde com a dos trilhos. A ferrovia começou a transportar passageiros em 1894, mas os tempos áureos só vieram no final da década de 1940.

"Era um trem de muita amizade, as pessoas se conheciam, começavam namoros lá dentro", conta Sylvio.

Na época, a viagem do Jaçanã ao centro demorava de 40 a 50 minutos. Seu Sylvio pegava a maria-fumaça todos os dias para ir ao trabalho.

Quem usava o trem era facilmente reconhecido. "As fagulhas voavam e queimavam nossas roupas. Meu terno vivia cheio de furinhos", diz.

Mas o grande salto para a fama do Jaçanã veio com a inauguração dos estúdios da Cinematográfica Maristela, em 1950, quando o local passou a ser tomado por atores e outras personalidades, entre elas, Adoniran Barbosa.

O vaivém no trem foi sua inspiração, mas a história é controversa. "O 'trem das onze' nunca existiu, era só para rimar. O último que chegava aqui saía entre 20h e 21h", diz seu Sylvio. A música foi lançada em 1964. Um ano depois, a ferrovia foi extinta.

Além de guardar restos da estação e peças de Adoniran, o museu tem objetos de moradores do bairro. Sylvio mantém o local com dinheiro do próprio bolso e com as vendas do livro "Moro em Jaçanã", lançado há dois anos.

Com problemas de coluna, "mas a cabeça funcionando bem", ele conta com a ajuda de voluntários para atender os cerca de 15 visitantes diários e as turmas escolares, para quem dá palestras.
O espaço abre de terça a domingo, das 10h às 17h. A entrada é gratuita.

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