Alphaville/Tamboré

Mobilidade ainda é desafio em Alphaville; Plano Diretor de Barueri quer melhorar acessos

Alphaville tem colhido os frutos de 20 anos de verticalização, com novos moradores e negócios, mas a baixa densidade e os nós na mobilidade urbana persistem como obstáculos ao desenvolvimento imobiliário da região.

Para Leonardo Rodrigues, gerente da administradora do bairro, a população flutuante agrava as complicações de acesso nos horários de pico, para quem vai e volta de São Paulo, e a intensidade do trânsito entre Barueri e Santana de Parnaíba (municípios pelos quais o bairro se estende).

"Em Barueri moram 75 mil pessoas, mas 200 mil vêm de São Paulo e outras cidades para trabalhar em Alphaville, o que carrega os acessos pela rodovia Castello Branco e pelo Rodoanel -além do transporte público intermunicipal", diz Rodrigues.

O potencial ainda inexplorado no local –50% dos pontos comerciais construídos nos últimos cinco anos estão vagos–, indica uma tendência de piora, caso o planejamento urbano não se adapte ao novo perfil do bairro.

A prefeitura de Barueri espera entregar, até setembro, o novo Plano Diretor do município, que recebeu 40 mil propostas ao projeto de revisão. "Espera-se que ele atenda a questões como melhoras nas vias de acesso e incentivo à construção de prédios de uso misto", afirma Rodrigues.

A Secretaria de Comunicação de Barueri afirmou à Folha que entre os objetivos do plano está amenizar o trânsito entre as alamedas Araguaia e Rio Negro, principais acessos ao bairro, com a ampliação do complexo rodoviário que leva a Santana de Parnaíba e à região de Tamboré.

O advogado Rodrigo Schunk, 32, mora há oito anos em Alphaville Industrial e há dois decidiu montar um escritório na mesma rua de casa, para sofrer menos com esses problemas.

"Já cheguei a ficar uma hora e meia no trânsito da via que dá acesso à Castello [Branco]", lembra.

"Agora, morando e trabalhando perto, fico com horários mais flexíveis e, durante a semana, faço tudo a pé -vou ao médico, ao shopping, ao clube."

Essa autossuficiência em comércio e serviços é um dos caminhos do bairro para contornar os desafios na mobilidade, de acordo com o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci.

"Para quem quer morar próximo ao trabalho, Alphaville é uma boa alternativa, já que há imóveis de alto padrão até 40% mais baratos do que em bairros paulistanos nobres, como Pompeia e Pinheiros, e desconto no ISS [Imposto Sobre Serviços]", afirma.

Raquel Cunha/Folhapress
André Bucater adotou a bicicleta para andar em Alphaville
André Bucater adotou a bicicleta para andar em Alphaville

CICLISTAS

Para Luiz Mantovani Néspoli, superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), no entanto, há que se dar atenção a questões mais imediatas -como a ausência de ciclovias e a infraestrutura ruim de passeios para pedestres.

"Com as pessoas morando e trabalhando na mesma região, essas opções devem ser tratadas de forma prioritária, até por uma questão de segurança. A própria Lei Nacional de Mobilidade Urbana aponta que é um dever priorizar calçadas, travessias e ciclovias no planejamento", diz.

Mesmo sem espaços exclusivos para ciclistas, o gerente comercial André Bucater, 32, usa a bicicleta no trânsito local entre o trabalho e a casa desde que se mudou, em 2014, para a região.

"Aqui há um grupo grande que não anda de bicicleta, mas defende a necessidade de ciclovias. Falta uma organização civil local para pressionar por isso e dar apoio, porque há trechos que podem ser até mais perigosos do que em São Paulo", afirma.

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