Osasco/ABCD/Guarulhos

Lá onde eu moro: conheça histórias de moradores do ABCD, Osasco e Guarulhos

Hugo Hoyama, 46, mesa-tenista

Danilo Verpa/Folhapress
SAO PAULO, SP 13.07.2012 - Retrado do mesa tenista Hugo Hoyama que vai para o Olimpiada de Londres.. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, ESPORTE) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Mesa-tenista Hugo Hoyama, morador de São Bernardo do Campo

Nasci no bairro Jardim Três Marias, onde morei em uma casa com o meu pai, minha mãe e minha irmã mais nova. Aos sete anos comecei a praticar tênis de mesa. Hoje moro em uma rua paralela à Senador Vergueiro, em Rugde Ramos.

Minha infância foi sempre ligada ao esporte e aos treinamentos, frequentava pouco outros lugares. Um dos locais que visitava era a Cidade da Criança.

Participava de torneiros pelo clube Palestra de São Bernardo, mas treinava em um salão da prefeitura, ao lado do estádio Primeiro de Maio.

Estudava perto da minha casa, na escola estadual Wallace Cockrane Simonsen, onde fiz o primário e o ginásio.

A cidade cresceu muito, hoje há muitos prédios, principalmente no entorno do Paço Municipal. Sempre viajei muito, mas nunca morei em outra cidade no Brasil.

Ainda treino todos os dias e sempre vou a São Caetano do Sul quando há concentrações da seleção feminina de tênis de mesa, da qual sou técnico. Lá é o local do centro de treinamento, e já estamos nos preparando para os jogos olímpicos de 2016.

Em São Bernardo há uma boa estrutura para os esportes, o local de treinamento é muito bem cuidado, há piso importado, mesas importadas. O esporte é uma tradição na cidade.

Vejo muita evolução nesse sentido. Não éramos campeões do Jogos Abertos do Interior há muito tempo, e vencemos nos últimos anos.

Continuo disputando torneiros pela cidade, e, mesmo depois de parar, quero continuar ajudando no crescimento do esporte em São Bernardo.

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Guarulhos era a capital do riso com os Mamonas

Francisco José de Oliveira, 76, pai de Sérgio e Samuel Reoli, dos Mamonas Assassinas

Moro em Guarulhos desde 1983 e sinto orgulho de meus filhos, Sérgio (baterista) e Samuel (contrabaixo), integrantes dos Mamonas Assassinas, fazerem parte da história da cidade.

Foi aqui, no Parque Continental I, que tudo começou. Quando nos mudamos para cá não tinha quase nada, só uma ou outra casa. O bairro era novo e ainda estavam loteando os terrenos e as ruas não tinham nomes, eram todas por número.

Eu tinha uma locadora de filmes e os garotos ensaiavam no quarto dos fundos e às vezes na casa do Dinho. Na época em que os Mamonas ficaram famosos, a rotina da cidade mudou completamente, todo dia tinha fãs na porta de casa. Guarulhos tinha se tornado a capital do riso com os Mamonas.

Depois do acidente que vitimou os meninos, tivemos carinho do Brasil inteiro e em Guarulhos não foi diferente. Em vários pontos da cidade há homenagens póstumas em vias da cidade. A rua que eu moro é a antiga rua 29, mas hoje leva o nome do Sérgio e a de trás tem o nome do Samuel.

No Parque Cecap, próximo ao Terminal Rodoviário de Guarulhos, tem uma estátua de uma Mamona e no bairro Villa Barros tem a rua Alecsander Alves, nome de batismo do Dinho.

Este ano completou 20 anos acidente. A cidade mudou muito de lá para cá, já foi muito próspera, mas hoje está um pouco abandonada. Minha rua está esburacada, às vezes falta água e o bairro está largado, o que pagamos de impostos não retorna para a gente em benefícios.

Já o carinho dos fãs e do povo guarulhense... esse sim, continua firme e forte mesmo depois de duas décadas.

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Luzimar Gonzaga Nascimento (Tyson Tigre), 33 anos, lutador

Guarulhos foi a cidade que me acolheu quando a cena do boxe na Bahia foi afunilando para mim depois de ganhar novos títulos. Eu morava em Itacaré quando decidi vir morar em Guarulhos, em 2009, para dar continuidade na minha carreira. E foi aqui que ganhei um dos principais títulos da minha vida, o de Campeã Mundial de Boxe.

Um dos meus locais preferidos é o Bosque Maia. É lá que faço corridas, me exercito e me mantenho em forma para dar aula em três academias na cidade. Sou de sair pouco, mas quando decido ir com a minha mulher e meu filho em algum lugar para comer vou em algum bar na avenida Paulo Faccini.

Já morei no Santa Cecília e no Gopúva, mas foi no Macedo que encontrei a tranquilidade que eu queria. Além disso, a proximidade com o centro facilita minha ida ao trabalho.

Eu não troco Guarulhos por nenhuma cidade. Enquanto eu puder optar por ficar em algum lugar, esta cidade será minha escola. Tenho parentes aqui e sempre me senti muito acolhido pelos guarulhenses. Esse acolhimento foi tão grande que hoje me considero e me sinto um guarulhense nato.

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Sonho em fazer uma peça no teatro de Osasco

Zezeh barbosa, 52, atriz

Greg Salibian/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 17/11/2013 - a atriz Zezeh Barbosa no evento de premiacao Trofeu Raca Negra, realizado no Memorial da America Latina. Coluna Monica Bergamo. Foto: Greg Salibian/Folhapress - ILUSTRADA
A atriz Zezeh Barbosa, que nasceu no jardim Rochdale, em Osasco

Eu nasci e morei em Osasco até os meus 16, 17 anos. Lembro que eu gostava de sair correndo pelas praças do meu bairro, o Rochdale. Eram os anos 1970 e, aos finais de semana, sempre ia aos bailes de black music da região.

Foi em Osasco que eu fiz os primeiros cursos de teatro. No colégio, montei um grupo chamado "Raízes". Fazíamos apresentações na escola. Lembro que a prefeitura apoiava esse tipo de ação.

Saí de Osasco muito jovem. Hoje moro no Rio, mas sempre estou lá. O lugar que eu mais gosto é o Teatro Municipal. Ele é moderno, lindo. Estive na inauguração, mas nunca fiz uma peça lá. Preciso realizar esse sonho.

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Cresci brincando nas ruas de Santo André

Sandro Borelli, 55, coreógrafo

Nasci em Santo André. Trago lembranças valiosas da minha infância e juventude nessa cidade, onde vivi até 1991. Cresci brincando na rua até a minha adolescência.

Apesar da proximidade com São Paulo, nesse período Santo André ainda lembrava as cidades do interior: calma e pacífica.

Hoje, moro em São Paulo. Santo André cresceu e se verticalizou. Acho que, nesse processo, a cidade se transformou num local onde o maior sonho da população é o consumo desenfreado.

Para mim, Santo André virou um shopping a céu aberto, uma cidade extremamente conservadora e carente de identidade cultural.

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