Idoso alimenta mercado de serviços exclusivos nos Jardins e em Higienópolis
Além de serem os bairros mais caros da região central, Jardins e Higienópolis têm outra coisa em comum: a proporção de idosos dos dois é o dobro da do resto da cidade de São Paulo –16% do total da população tem mais de 64 anos, segundo dados do Infocidade, da prefeitura.
De acordo com o arquiteto e urbanista Antônio Cláudio Fonseca, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os bairros atraem o público principalmente pela diversidade de comércio e serviços.
A presença de áreas verdes e hospitais, além da proximidade com a avenida Paulista, também são chamarizes.
"Em Higienópolis há mais áreas verdes do que em outras regiões do centro, e as praças estão bem conservadas. Muitos que moram sozinhos veem esses lugares como espaços de suas relações sociais", afirma Fonseca.
É o caso de Laís Vonwasielewski, 74, que mora há 12 anos em Higienópolis e todas as terças e quintas-feiras faz aulas de tai chi chuan na praça Esther Mesquita.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Zilda Homem, 70 (esq.) e Maria Romério Aparecido, 84 frequentam a academia da terceira idade B-Active |
"O bairro é ideal para mim. Os comerciantes estão muito bem preparados, são pacientes. As calçadas são boas e praças também."
Casados há seis décadas, Clélia Lewi, 81 e Moisés Lewi, 91, moram há 15 anos em Higienópolis. Se mudaram para ficar mais próximos dos filhos. "Aqui a gente pode caminhar tranquilamente. É um lugar muito bom para idosos. O shopping e as praças são pontos de encontro entre amigos", afirma Clélia.
MERCADO
A presença de idosos faz com que surjam serviços especializados para atender esse público. Um deles é a academia B-Active, no bairro de Higienópolis.
Zilda Nadario Homem, 70, mora sozinha nos Jardins e frequenta há quatro anos e meio o local como parte do tratamento de um problema no joelho. Além de sentir melhora na saúde, lá ela reencontra os amigos.
Já a aposentada Maria Aparecida Romério, 84, que vai à academia há três anos, sentiu diferença no cotidiano.
"Estava muito sedentária. Uma sobrinha minha me indicou a academia e gostei. Me sinto mais disposta para sair com amigos e aproveitar o bairro", afirma.
Além do mercado de serviços, o mercado imobiliário também tem investido no público mais velho.
"Eles têm procurado por empreendimentos com muitos serviços, como lavanderia, restaurantes e sistemas de 'relógio de pânico', em que um botão é acionado para alguém prestar socorro em caso de emergência", afirma Alexandre Tirelli, que é presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo.