Perdizes/Vila Leopoldina

Lá onde eu moro: veja o relato de quem vive nos distritos de Perdizes e Vila Leopoldina

O melhor daqui é que sou amigo de todo mundo

Tom Zé, 79, músico

Isadora Brant/Folhapress
Sao Paulo, 31-01-2014: Retrato do muscio Tom Ze, apos a sabatina com fas, feita plea Folha. (Foto: Isadora Brant/Folhapress, ILUSTRADA)***EXCLUSIVO FOLHA***
O músico Tom Zé em seu apartamento, no bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo

Quando eu me mudei para Perdizes, nos anos 1970, o [músico] Moacir Albuquerque disse: isso aqui parece Londres, só tem telhados.

Hoje, todos os telhados são prédios. O melhor daqui é que sou amigo de todo mundo ""sou 'móveis e utensílios' do bairro. É muito alegre ir à padaria, é como ir a um lugar onde, antes de Cristo, paravam as caravanas.

Todos se veem, todos se falam.

O que tem de ruim? Olha, já reparei que em São Paulo o pessoal tem o hábito de se queixar de tudo, tem que falar mal da cidade para estar na moda. Mas a gente do Nordeste não é assim. Se tem algo de ruim, preciso perguntar para o meu vizinho.

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Bares com mesas nas calçadas são a cara do bairro

Thiago Koch, 31, chef de cozinha

Divulgação
Thiago Koch, chef da lanchonete Bullger ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Thiago Koch, 31, chef da lanchonete Bullger, em Perdizes

Fui morar em Perdizes há oito anos porque queria uma casa própria. O legal do bairro é que é bem família, tem lugares legais que não são tão badalados e dá para se divertir sem sair da região.

O forte são os bares tradicionais, onde as pessoas vão tomar uma cervejinha. Eles servem na garrafa e têm mesas na calçada, essa é a cara do bairro. As ruas são pequenas, mas há muitos caminhos alternativos por dentro do bairro, se houver trânsito.

Uma crítica é que alguns estabelecimentos da região são muito caros, o aluguel nem é tão alto para pedirem o preço que cobram. Ainda assim, não tenho vontade de morar em outro lugar.

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As crianças brincavam nas várzeas dos rios

José Carlos de Barros, 79, historiador

Acompanhei de perto as transformações da Vila Leopoldina desde que nasci. Na década de 1930, a região era rural e cheia de fazendas.

Eu me lembro bem dos chacreiros trazendo o leite e as hortaliças pela manhã.

As pessoas chegavam de barco na junção dos rios Tietê e Pinheiros. Próximo às várzeas existiam "prainhas", onde crianças iam nadar.

Na década de 1950, começaram a retificação dos rios e a urbanização da cidade. Isso acabou poluindo a água e impedindo o seu uso.

Personagens históricos viveram aqui, como ex-combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932 e o sertanista Orlando Villas-Bôas.

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Vou a pé para o trabalho, o que é um luxo em SP

Carlos Betti, 52, produtor-executivo da O2 Filmes

Karime Xavier/Folhapress
SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -25 /02/16 -11 :00h - Retrato do produtor Carlos Betti ( Foto: Karime Xavier / Folhapress) . ***EXCLUSIVO***MORAR
Carlos Betti, produtor da O2 filmes mora na Vila Leopoldina

Essa área está passando por uma grande mudança. Muitos galpões começaram a ser demolidos para dar lugar a prédios. A estrutura do bairro está ficando melhor.

Quando comprei meu apartamento, o custo era muito bom. Aqui, estou perto do meu trabalho. Vou a pé: fazer isso em São Paulo, hoje, é um luxo. Da janela do meu apartamento, no 26°andar, enxergo a produtora.

Dá até para ver quem chega. Controlo de casa.

O bairro é ótimo, tem muita coisa boa. Tem o parque Villa-Lobos aqui do lado, que é excelente, e o shopping, também. O que eu menos gosto é que –por enquanto– os arredores são galpões.

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Gosto de ter contato com os torcedores

César Sampaio, 47, ex-jogador do Palmeiras

Rivaldo Gomes-8.jun.08/Folhapress
AGSP - Vencer - NOVA CAMISA DO PALMEIRAS - Sao Paulo, SP, 08.07.2008 - Palmeiras lanca, na Casa das Caldeiras, uma nova camisa em homenagem a tradicao da Adidas e do Palmeiras. O ex-jogador Cesar Sampaio fala antes de receber homenagem. (Foto: Rivaldo Gomes/Folha Imagem)
César Sampaio, ex-jogador do Palmeiras

Sou do Jabaquara, mas, quando fui para o Palmeiras, em 1992, escolhi Perdizes para morar, por ser próximo ao centro de treinamento. Adaptei-me bem.

É um bairro residencial, familiar, com shoppings, restaurantes e ainda fica perto do metrô.

Vários amigos boleiros moram por aqui, como Luizão, Dodô, Edu Gaspar, Marcos. O Marcão é o capitão do bairro. Com o novo estádio do Palmeiras, o número de torcedores nas ruas aumentou, o que é legal. Gosto desse contato.

Em dias de jogos ou shows, é bom se programar para chegar em casa com muita antecedência, as ruas lotam. Mas nunca presenciei nenhum confronto ou problema.

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