Perdizes/Vila Leopoldina

Perdizes e Vila Leopoldina ganham prédios de alto padrão e vivem valorização de 100%

Um é plano, outro é cheio de ladeiras, mas dá para dizer que tanto o distrito de Vila Leopoldina quanto o de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, estão em ascensão.

Em dez anos, o preço do metro quadrado nas regiões praticamente dobrou. Em Perdizes, passou de R$ 6.867 em 2006 para R$ 13.840 hoje (em valores corrigidos), segundo a consultoria Geoimovel. Na Vila Leopoldina, de R$ 5.103 há dez anos foi para R$ 10.180 agora.

Além da valorização de quase 100%, os dois locais têm em comum o fato de que, desde os anos 2000, passam por um processo de reconstrução. Em Perdizes, sobrados estão dando lugar a torres residenciais. Na Vila Leopoldina, galpões estão perdendo espaço para prédios.

Dados oficiais mostram que as duas regiões são as que mais têm demolições na área da subprefeitura da Lapa –com 789 imóveis demolidos entre 2007 e 2015, cerca de 9,2% do total da cidade.

A região também foi a segunda que mais desovou prédios no mercado na última década: 28.329 apartamentos –somente atrás da Mooca, com 30.419 imóveis, diz o Secovi-SP (sindicato do setor).

A historiadora aposentada Arlinda Rocha, 76, moradora da rua Caetés, em Perdizes, viu recentemente cinco casas sendo demolidas de uma vez.

"Veio o trator e levou tudo. Vai ser muito difícil sair dessa casa porque eu vivi toda a minha vida aqui", diz ela, que já recebeu ofertas de incorporadoras, mas até agora não aceitou. "O pior seria me desfazer da minha jabuticabeira, que tem 67 anos."

DIFERENÇAS

Apesar de viverem momentos parecidos, Perdizes e Vila Leopoldina são diferentes, tanto no relevo –acidentado no primeiro caso e mais plano no segundo–, quanto no perfil e no preço dos imóveis.

"Perdizes sempre foi considerada uma região de padrão médio para alto, com boas escolas e restaurantes. Já a Vila Leopoldina é nova e só ganhou visibilidade do mercado nos anos 2000", diz Celso Petrucci, do Secovi.

Para Marcelo Dzik, diretor da Even, como Perdizes tem pouco terreno disponível, as unidades por lá são menores. Já na Vila Leopoldina, o que predomina são os imóveis tamanho-família: de dois e quatro dormitórios.

Um apartamento de 190 m² foi o que fez o empresário José Eduardo Nuin, 53, escolher a "Vila". "Comprei o imóvel na planta quando o bairro ainda estava se formando, em 2009. Aqui eu tenho tudo."

Com uma população cuja renda média familiar é de pouco mais de R$ 8.000 –três vezes superior à da capital–, os distritos têm, em maioria, torres de médio e alto padrão.

Apesar da valorização, as regiões não estão livres de problemas. O aposentado Rubens Marques, 75, foi uma das 1.167 pessoas – o correspondente a 2,66% dos registros em toda a cidade –que tiveram o carro furtado na região de Perdizes em 2015.

"Foi antes do horário do almoço. Levaram o meu carro e o da minha filha", diz ele. Apesar de uma queda de 4% entre 2014 e 2015, os casos de furtos de automóveis no local ainda estão na casa das mil ocorrências por ano.

Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública, a cidade de São Paulo começou o ano de 2016 "com queda de todos os índices de criminalidade, com exceção no de furtos". Em Perdizes "houve queda de 15% em roubos e furtos em janeiro."

Já na Vila Leopoldina, a bronca é com a infraestrutura. "Aqui é só chover que alaga. A rede de esgoto é a mesma que servia os galpões", reclama Eduardo Nuin.

De acordo com a Sabesp (que administra o serviço), o "sistema de coleta tem capacidade para atender aos novos empreendimentos".

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