Considerada a "Nova Moema", Vila Leopoldina atrai serviços e imóveis tamanho-família
Com novos moradores e mais opções de restaurantes e comércio, a Vila Leopoldina, distrito conhecido pelos galpões industriais, já começa a ser chamada de "nova Moema" -uma referência à região nobre da zona sul que atrai famílias com serviços e imóveis de alto padrão.
A mudança de perfil aconteceu principalmente de 2003 para cá. Só nos últimos cinco anos foram lançadas 658 unidades, 142 delas com mais de 170 m², segundo a consultoria Geoimovel.
A explicação para o "boom", de acordo com Maurício Salles, diretor de incorporadora PDG, é simples: "A Vila Leopoldina é a porta de entrada da zona oeste. Atrai tanto a pessoa que quer fazer um upgrade para um apartamento maior como quem quer se mudar para perto das marginais", afirma.
A construtora é responsável pelo conjunto Vila Leopoldina 1, que teve 100% das unidades vendidas (com quatro dormitórios e 244 m²).
A vocação da região para imóveis grandes é clara: 40% das unidades lançadas têm quatro dormitórios. Isso explica o crescimento populacional, que nos últimos cinco anos foi quatro vezes maior do que o do resto da cidade.
Moradora da região desde 2006, a empresária Renata Nagai, 37, decidiu sair de perto da rodovia Raposo Tavares e hoje vive em um prédio na rua Nagel com o marido e dois filhos. "Eu já tinha um vínculo com o bairro pois minha sogra veio morar aqui em 2004. É perto das marginais, tem acesso fácil. A minha única reclamação é a falta de equipamentos culturais."
Outro atrativo é o transporte público. A região concentra três estações de trem: Domingos de Morais e Imperatriz Leopoldina, da linha 8-diamante, e Ceasa, da linha 9-esmeralda da CPTM.
RUAS ALEMÃS
A exploração imobiliária começou no final do século 19, com empreendedores alemães. Tanto que alguns locais herdaram nomes de origem germânica, como as ruas Frederico Wolff, Baumann, Hayden e Fröben.
Essas ruas, além das vias maiores, como as avenidas Imperatriz Leopoldina e Gastão Vidigal, receberam a maioria dos novos edifícios. Na rua Carlos Weber, além de um corredor de prédios, há bares e restaurantes.
O bairro também receberá, ainda neste semestre, um complexo gastronômico de 20 mil metros quadrados com butique de carnes e feira de orgânicos, entre outros serviços.
Apesar das transformações, a Vila Leopoldina ainda sofre com problemas de infraestrutura urbana, como os alagamentos. Uma das áreas sob atenção são a avenida Mofarrej e as ruas próximas ao rio Tietê e o Ceagesp, segundo a prefeitura.
"Há também um problema de saúde pública, que é o do consumo de drogas, principalmente na área da Gastão e das ruas próximas ao Ceagesp", diz Carlos Alexandre Oliveira, 45, da associação de moradores Viva Leopoldina.
O entreposto, de 700 mil m², deve sair da Vila Leopoldina e ir para um terreno próximo ao Rodoanel. Para a gestão municipal, o local é o principal entrave para o desenvolvimento da região.
Na opinião da associação de moradores, a Ceagesp deveria sofrer uma modernização, mas sem deixar o local.
O arquiteto Marcelo Ferraz, professor da Escola da Cidade, faz um alerta. "Vila Leopoldina não pode repetir um erro comum a toda a cidade, que construiu sem pensar no entorno, nas pessoas. Quando o Ceagesp sair, uma grande área estará à disposição. Há de se pensar no uso misto desses empreendimentos."