Tatuapé e Mooca enfrentam o desafio de crescer sem perder a identidade
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Vista do hotel Tryp, na rua Serra da Juréa, no Tatuapé |
Próximos do Centro, com oferta farta de lazer e acesso fácil ao metrô, Mooca e Tatuapé prometem ser o principal eixo de desenvolvimento urbano da cidade no século 21.
"É a Eldorado paulistana, com um potencial de crescimento enorme, e perto de equipamentos culturais como o Sesc Belenzinho", diz o urbanista Valter Caldana, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Esse potencial se reflete na valorização dos imóveis. No miolo da zona leste, o Tatuapé, já abriga um dos metros quadrados mais caros da cidade: R$ 12.280, em média, na Vila Santo Estevão, perto do Anália Franco. Na Vila Gomes Cardim, pode valer até R$ 14.300, segundo dados da consultoria Geoimovel.
"É um bairro que sempre exerceu fascinação sobre a população da região leste e de municípios próximos, em especial Guarulhos", diz Fabio Cataldi, diretor de desenvolvimento da imobiliária Brasil Brokers.
Segundo levantamento feito pela Folha com dados do IBGE e da prefeitura, a população do Tatuapé cresceu 12% em duas décadas (de 1991 a 2010) -mais do que qualquer outro distrito do seu entorno, que, em sua grande maioria, só perdeu habitantes. A exceção é a Mooca, que teve aumento demográfico de 5,2%.
Os dois bairros receberam 6.719 novos apartamentos nos últimos cinco anos.
No Tatuapé, fenômeno recente são os imóveis de alto padrão, entre a marginal Tietê e a avenida Celso Garcia.
"O Tatuapé tem visto o lançamento de empreendimentos comerciais, prédios de escritório e hotéis. Não é um lugar onde as pessoas apenas moram", diz Cataldi.
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Bares da região da rua Emília Marengo, no bairro do Tatuapé |
A valorização atraiu mais lazer, com aumento exponencial de restaurantes e bares na região das ruas Emília Marengo e Itapura, que consolidaram sua vida noturna.
Caldana aponta para o que chama de risco de homogeneização, que ocorreu com a na verticalização de Moema e Vila Mariana, nos anos 1970.
"O mercado imobiliário se serve das características locais em uma primeira onda de vendas, mas ele mesmo transforma o produto", diz.
O urbanista diz confiar, no entanto, no novo Plano Diretor e na participação da população local para ajudar a frear uma eventual descaracterização da região.
Segundo Caldana, as pessoas têm dado mais valor à identidade local. "Que se transforme o bairro, que se adense, mas que se mantenha sua qualidade de vida."
MUITO FAMÍLIA
Talvez o melhor exemplo de identidade na zona leste seja a Mooca, bairro associado à imigração italiana e que conta com seu próprio time de futebol, o Juventus.
Para o diretor da Brasil Brokers, a forte cultura do bairro se manifesta no comportamento do mercado imobiliário: "Num primeiro momento, os lançamentos da Mooca são procurados pelos próprios moradores locais".
Em todos os segmentos, predominam imóveis com plantas clássicas buscadas por famílias: dois ou três dormitórios em 78% dos casos.
Um exemplo é o alto padrão Família Mooca, da construtora Barbara. A unidade, de 122 m² (três suítes), é vendida a partir de R$ 1 milhão.