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Espigões dão ar comportado à boemia do Baixo Augusta

Adriano Vizoni/Folhapress
Vista do edifício Augusta Hype Living, em construção na região do Baixo Augusta
Vista do edifício Augusta Hype Living, em construção na região do Baixo Augusta

Cinco novos empreendimentos se espremem nos 400 metros da rua Paim, na Bela Vista. Há dez anos, quem andava por ali via uma paisagem bem diferente, marcada pelos cortiços típicos da região do Baixo Augusta.

A mudança começou a partir de 2009, quando as construções velhas deram lugar a modernas torres residenciais de um ou dois dormitórios, habitadas por pessoas vindas de todas as regiões de São Paulo, em busca de boa localização e proximidade com a agitação noturna das ruas Augusta e Frei Caneca.

Os novos empreendimentos reúnem apartamentos em sua maioria com menos de 50 m², que incluem uma série de comodidades -uma novidade para a região. O Vision Paulista (a partir de R$ 492 mil), da Gafisa, por exemplo, tem até camareira e 'dog walker' para levar os cachorros para passear. O Urbe Paulista, da AAM com Carlu, tem spa e piscina coberta (a partir R$ 383 mil).

Adriano Vizoni/Folhapress
Sala de apartamento decorado no MaxHaus, na rua Paim
Sala de apartamento decorado no MaxHaus, na rua Paim

Quem viu toda a mudança acontecer, estranha. Moradora do edifício 14 Bis (o famoso "treme-treme") há 43 anos, a copeira Fátima Teixeira, 44, observa que a vizinhança mudou bastante nos últimos anos. "São pessoas de classe social mais favorecida", afirma. Além disso, o aluguel aumentou e o trânsito ficou ainda mais intenso.

Mesmo assim, acredita que as coisas melhoraram: "A oferta de serviços cresceu e a segurança hoje é maior", diz.

Para José Paim de Andrade, presidente da incorporadora MaxCasa, responsável por um dos empreendimentos da rua Paim, o MaxHaus, os novos moradores são solteiros ou jovens casais "que querem usufruir do entretenimento do bairro".

Marcelo Ginsberg, presidente da Incorporadora Arquiplan, responsável pelo Augusta Hype Living, completa: "Trata-se de um público que gosta da cultura alternativa, da boemia".

BOEMIA AMEAÇADA

Foi graças às casas noturnas abertas em meados dos anos 2000, aliás, que segmentos da classe média e alta voltaram a frequentar a região do Baixo Augusta, antes desvalorizada.

Agora, no entanto, a identidade hipster e boêmia que hoje atrai moradores pode estar ameaçada.

Segundo Felipe Pelissardo, publicitário e pesquisador de comportamento da agência de tendências Box1824, a valorização do mercado imobiliário deverá impossibilitar a sobrevivência dos bares e festas que construíram a personalidade da região. "Muitos já tiveram que fechar, pois o aluguel tem aumentado em ritmo acelerado", diz.

Foi o caso da casa noturna Vegas, aberta em 2005. "Ela foi vítima do seu próprio sucesso. A balada foi responsável por trazer a classe média de volta à Augusta, mas fechou em 2012 em decorrência da valorização imobiliária à qual ela mesmo contribuiu", diz o pesquisador.

Renata Passos, 25, professora, mora na região há cinco anos e vê com preocupação a redução da diversidade de público que a frequenta. "O perfil das pessoas que moram e se divertem aqui mudou bastante. Alguns dizem que aqueles que estão vindo para cá são atraídos pelo perfil do bairro, mas parece que eles não aceitam o Baixo Augusta como ele é."

Adriano Vizoni/Folhapress
Prédio novo divide paisagem com antigo na rua Caio Prado
Prédio novo divide paisagem com antigo na rua Caio Prado
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