Luxo inteligente: Pinheiros e Perdizes têm apartamentos sóbrios
Bruno Santos/Folhapress | ||
Piscina com borda infinita no edifício L'Armonia Vila Madalena |
Mariana, 33, sobe apressada a escadaria da travessa Tim Maia, caminho mais curto entre a estação Vila Madalena, na linha 2 do metrô, e o trecho final da rua Harmonia, no Sumarezinho, onde fica o último dos dez apartamentos de altíssimo padrão da sua lista de imóveis a visitar.
Secretária de uma empresa de tecnologia, ela abre sua pasta de couro para mostrar os panfletos dos lançamentos que conheceu. Reúne dados para o chefe, executivo estrangeiro que mora há um ano no Brasil e pretende comprar um imóvel na zona oeste de São Paulo -eles pedem para não serem identificados.
Por que o executivo escolheu essa região? "Ele quer um imóvel com bom acabamento, mas em um bairro 'amigável', nada de torre de marfim", explica a secretária, enquanto tira fotos da fachada e das imediações do L' Armonia Vila Madalena, residencial de luxo entregue no ano passado.
O prédio, de cores sóbrias, projeto do escritório de arquitetura Arthur Casas, tem um espelho d'água rodeado por piso de granito. Os elevadores sociais levam diretamente aos apartamentos, e a entrada para carros é pela rua de trás.
Uma cobertura de 326 m² no prédio sai por cerca de R$ 4,4 milhões. Por R$ 31,5 mil a menos, o interessado pode optar por uma casa térrea, de 437 m², no mesmo edifício.
Pinheiros e Perdizes são, segundo dados da consultoria Geoimovel, os distritos que reúnem o maior número desses empreendimentos de luxo com imóveis ainda disponíveis na região -que inclui Alto de Pinheiros, Barra Funda, Butantã, Lapa e Vila Leopoldina.
Na maioria das ruas residenciais, esses prédios dividem espaço com casas estreitas, de fachadas simples, mas os antigos moradores desses sobrados, aos poucos, dão lugar a pequenos negócios -escritório de advocacia, petshop, clínica de estética.
Segundo as imobiliárias, o perfil de quem busca apartamento sofisticado nesses bairros inclui profissionais liberais de alta renda e funcionários de multinacionais que abrem mão do carro aos sábados e vão de metrô até a Paulista para levar a família ao cinema.
"Um morador do Jardim Europa talvez não topasse deixar o carro na garagem", compara o advogado Ronaldo Pires, 42, que mora com a família no L' Armonia desde o ano passado. "Queremos aproveitar o nosso bairro."
Ele também procurava um projeto distante do neoclássico, aquele estilo cheio de colunas que alguns atrás dominou os lançamentos de alto padrão em São Paulo.
MARCOS EM POTENCIAL
Um projeto inteligente, daqueles que aproveitam ao máximo o potencial do terreno, também conta muito nesses imóveis, diz Fatima Rodrigues, diretora de vendas da Coelho da Fonseca, imobiliária especializada no segmento de luxo.
"Se o terreno é inclinado, o arquiteto transforma isso em vantagem: faz com que as varandas e as áreas de lazer sejam voltadas para a parte baixa, aproveitando a vista. As pessoas buscam empreendimentos que sejam marcos."
Imóveis assim custam mais de R$ 1,2 milhão, geralmente têm quatro vagas de garagem e materiais importados. A unidade padrão -sem contar as coberturas- mais cara à venda na região custa R$ 8 milhões.
Luciano Amado, da imobiliária Bossa Nova Sotheby's, lembra que, apesar dos valores altos, o mercado de padrão elevado tem menos produtos disponíveis e atende a um morador que privilegia segurança e localização. "Itens ainda mais valorizados hoje."